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quinta-feira 25 abril 2024 16:59:37
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Qual o melhor fluxo de solda?

No mercado brasileiro temos poucas opções mas existem muitas diferenças entre fluxos de solda em eletrônica, conheça um pouco deles

Por alguns anos observei o mercado brasileiro tratar o fluxo de solda como algo simples, sem dar muita importância. Quando comecei a estudar fluxos para melhorar a performance no processo de soldagem de processadores percebi a diferença, neste artigo vou abordar um pouco sobre esse assunto mostrando as diferenças.

Fluxo de Solda BEST ou COBIX

Quem é técnico já usou pastas de solda BEST ou COBIX. Esses pastas são produtos altamente corrosivos feitos para remover oxidação de metais dos mais variados tipos, o uso em eletrônica é totalmente desaconselhado como os próprios fabricantes mostram em suas embalagens.

Estas pastas de soldas normalmente são fabricados com Vaselina e dois cloretos, o de zinco e de amônia. Esse composto pode facilmente deteriorar trilhas. Use-o somente em Eletromecânica.

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Solda Best eletronica
Aviso na embalagem da pasta de solda

Fluxos Tipo R (R, RMA e RA)

Aqui esta os maiores erros, principalmente no que se diz respeito ao termo RMA.

Fluxo R

O fluxo de solda mais básico é a colofónia (BREU) natural derivada da resina de alcatrão de pinheiro. A resina de alcatrão de pinho é dissolvida em solvente e em seguida destilada para produzir a colofónia clara usada no fluxo de solda. O Breu é uma coleção de ácidos naturais principalmente o ácido abiético. 

Se usada de maneira “Pura”, ou seja, sem adição de ativadores, é denominada como um Fluxo R Natural ou em inglês “Rosin Flux

Fluxo de solda RA

Fluxo Resina Ativada, são utilizados compostos quimicos para removerem filmes de óxidos mais pesados, especialmente aqueles produzidos nas temperaturas de solda mais altas necessárias para ligas de solda sem chumbo.

Os ativadores mais usados ​​incluem ácidos orgânicos, compostos halogenados (contendo cloro ou bromo), e sais orgânicos monobásicos e dibásicos. Todos esses ativadores são corrosivos e devem ser removidos da placa de circuito para garantir confiabilidade a longo prazo.

Fluxo de solda RMA

Aqui esta o maior erro, o fluxo de solda RMA não tem NENHUMA relação com o termo em inglês RMA (Return merchandise authorization).

O termo RMA (Return Merchandise Authorization), em tradução literária é: Autorização de Retorno de Mercadoria. Erroneamente muitas pessoas pensam que um fluxo RMA é aquele direcionado ao mercado de reparação, erro grave.

RMA (rosin – mildly activated) relacionado ao fluxo quer dizer: Resina levemente ativada, ou seja, algo entre ao fluxo de solda sem “ativadores” e aquela com alta concentração de ativadores.

Entenderam a diferença? Não é porque o fluxo de solda é RMA que é destinado ao mercado de reparação.

Por exemplo, durante alguns anos usei um fluxo RA em placas de centrais Winca S100 devido ao grande acumulo de óxidos nos terminais da “core board“, isso me ajudava a criar uma solda melhor porém eu tinha que limpar com produtos químicos específicos. Era muito trabalhoso.

Tipos de fluxo de solda
Uma compra que fizemos alguns anos atrás

Fluxo de Solda “No Clean”

Os fluxos de solda “no clean” podem ser feitos com resina natural (Breu) ou resinas sintéticas. 

Suas formulações também podem ser do tipo R, RMA e RA. Os fluxos sintéticos contêm resinas que conferem ao fluxo as mesmas propriedades desejáveis ​​que o produto de “Breu” natural. As soluções “no clean” também podem conter ativadores adicionais, e os resíduos que deixam podem levar à corrosão, por isso a necessidade da escolha certa para cada uso. 

Esses fluxos “no clean” foram projetados para ajudar os fabricantes de placas de circuito a evitar o tempo e as despesas de limpeza da placa após a soldagem, deixam muito menos resíduos do que os convencionais de resina natural e na maioria das vezes não interferem em placas eletrônicas.

Mesmo sendo um fluxo de solda sem limpeza (“no clean”) eu gosto de remover pois esses resíduos podem atrair poeira e outros contaminantes, e com o tempo essa sujeira pode danificar algum componente ou contato eletrônico.

Fluxo de Solda a Base de Água

Os meus preferidos, basta agua morna com uma leve pressão que todo resíduo é removido, as vezes com a adição de algum detergente para facilitar a limpeza de locais de difícil acesso.

É a escolha das empresas que operam sob regulamentos ambientais rigorosos relacionadas as emissões de VOC (compostos orgânicos voláteis). Os ativadores de ácido comumente usados ​​também são solúveis em água incluem ácidos orgânicos, compostos halogenados (contendo cloro ou bromo), amidas e sais orgânicos monobásicos e dibásicos. Todos esses ativadores são corrosivos e devem ser removidos da placa de circuito para garantir confiabilidade a longo prazo.

Fluxos de classe militar

Classificados como RO (colofônia), OR (orgânico), IN (inorgânico) e RE (resina/resina sintética) e a atividade do fluxo é classificada como L (baixa atividade ou <0,5% haleto), M (atividade média ou 0 a 2% haleto) e H (alta atividade ou 0 a >2% haleto).

Os fluxos são classificados quanto ao teor de haletos (Cl- ou Br-) como 0 (sem haletos) ou 1 (alguns haletos). Sob este esquema de classificação, um fluxo ROL0 seria um fluxo de colofônia com baixa atividade e zero haletos   . Um fluxo RMA poderia ser classificado sob este esquema como um ROM1, se contivesse 0,5 a 2,0% de teor de haletos. 

Existem também fluxos “não militares” que usam as denominações acima.

Fluxos de Solda para ligas com e sem chumbo

A temperatura é um dos fatores que influenciam na escolha dos fluxos de solda, se determinado material foi desenvolvido para ser usado com ligas de baixa temperatura, ao usar em ligas com temperaturas acima das especificadas deteriora o fluxo causando excesso de resíduos ou falhas na soldagem.

Observem no quadro abaixo, esse fluxo não é compatível com ligas sem chumbo ou aquelas com temperatura superior aos 200C°.

Temperatura do fluxo de solda
Compatibilidade do Fluxo de Solda conforme a temperatura

Fiquem atentos a esse dado, apesar que hoje em dia a grande parte dos fluxos são destinados a quase todos os tipos de uso.

Fluxos de solda Falsificados

Quando eu comecei a procurar informações sobre fluxos de solda comprei de um americano uma amostra para testes, achei muito bom e achei um tubo sendo vendido no Aliexpress, claro que comprei mas ao chegar não era o mesmo produto, desde o cheiro até a viscosidade e é claro que a performance era diferente.

Esse fluxo parecia mais com uma vaselina, para pequenos reparos não fazia muita diferença porém não arrisquei o seu uso em processadores.

Fiquem atentos com produtos vendidos no Aliexpress e Mercado Livre, são muitas falsificações.

fluxo de solda falso
fluxo de solda vendido no Aliexpress

Removedores de Fluxos

Quem me acompanha já deve ter percebido o quanto eu fico nervoso quando nas placas encontro fluxos que necessitam de removedores cada vez mais poderosos. A resina natural quando usada na forma bruta vira uma pedra e tenho que literalmente aquecer algum liquido para remove-la. Paciência e Álcool isopropilico ajudam.

Mas existem fluxos que necessitam de detergentes exclusivos, fiquem atentos as recomendações dos fabricantes quanto a limpeza, mesmo sendo “no clean”, em alguns casos eu efetuaria a limpeza.

Agora que aprendemos um pouco sobre fluxos de solda pesquise junto aos fabricantes quais as opções que eles possuem, estudem e analisem qual o melhor material para a sua assistência técnica, fujam de fluxos universais ou pelos menos use-os em materiais com pouca sensibilidade eletrônica.

Reinaldo Soares
Reinaldo Soareshttps://reiaudio.com.br
Técnico automotivo e eletrônico, Consultor. Mais de 25 anos de experiência no ramo de som e acessórios automotivos. Já restaurei a elétrica de carros antigos, customizei motos mas minha paixão é mesmo eletrônica.
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